09 junho 2007

RAJA YOGA I
YACO ALBALA
A contraparte superior das imperfeições humanas I
Primeira Reunião : 24/11/98
Tradução Hanna: Agosto 2001


P.- Qual seria a contraparte superior da intolerância?
Yaco:- Uma das primeiras coisas que se deveria observar é quem herda a intolerância e porque é lançada desta maneira para o futuro. Geralmente o intolerante oculta coisas muito grandes e teria que compreender a razão de sua intolerância porque é como um dispositivo lançado à posteridade. Se é tomado de uma maneira negativa, no âmbito da personalidade, se evidencia como intolerância. Porém se é reconsiderada de outra maneira, cria um mecanismo mágico e pode chegar a criar um mecanismo profético.

O intolerante está recebendo um grande peso, porque surge diante de seus olhos como intolerância, por partes inadequadas o recebem; porém outras partes podem receber isso gozozamente no caso de o compreenderem. Quer dizer que, ainda assim, a intolerância é a primeira zona de impacto que se produz sobre um ser e, de acordo com os conhecimentos que esse ser tem, pode manifestar-se como intolerância.

Geralmente o intolerante é um ser muito capaz e o desafio da intolerância é o oposto a ela, é cobrir com um manto de piedade tudo aquilo que esteve ante a si mesmo, e esta é a contraparte superior da intolerância: a tolerância, a compaixão. Porém para que isto seja real, tem que permitir a expansão de seu próprio ser, tem que haver uma expansão áurica e nesta expansão compreender tudo aquilo que tenha subordinado a mesma expansão.

O intolerante tem que fazer as coisas à sua imagem e semelhança e esse é o grande desafio da intolerância, ou seja o que se apresenta sob a forma da intolerância, na realidade é um gesto de onipresença que nasce como intolerância.

È muito lindo ver as contrapartes superiores das imperfeições porque assim não se renuncia a elas, nem as trata de superar, simplesmente as usa, e quando assim o faz, se dá conta que sua realidade é outra.
RAJA YOGA I
YACO ALBALA
A contraparte superior das imperfeições humanas I
Primeira Reunião : 24/11/98
Tradução Hanna: Agosto 2001


Uma das grandes disciplinas da existência é a Raja Yoga, que é a ioga da atualidade; é por isto que este seminário, mais do que responder perguntas acerca deste tema particular, permite entrar numa disciplina interior que consta de oito etapas. Quando alguém vai perguntar, deve ter em conta que vai começar um caminho de muitas etapas e não de uma só; é o grande caminho do Raja Yoga, que foi dado ao mundo e que o Ocidente não tem nenhuma noção do que significa, de sua vital importância, do ordenamento de suas etapas.

O Oriente o conheceu à sua maneira respeitando a idiossincrasia de um povo, neste caso a Índia; por isso a versão que se tem desta ciência está dentro da particularidade deste povo; porém o Raja Yoga não pertence a um povo, pertence ao mundo e está se vivendo o trânsito de um hemisfério, do Oriente para o Ocidente, e ali as coisas mudam muito. O Raja Yoga em algum sentido nasceu no Oriente, porém será o Ocidente quem mais honra lhe faz, porque é de onde realmente vai formar parte do mundo, quando emergir a versão do Ocidente.
O Oriente teve a enorme responsabilidade de conservar viva essa chama e a dívida que se tem para com o Oriente é enorme, porém ainda assim isso deve transladar-se e o Ocidente tem que ter uma versão de tudo isto; é um grande intento.

Primeiro falaremos da contraparte superior das imperfeições e logo da exaltação da virtude.

Temos que criar uma postura, quer seja como descobrir seu lugar no mundo, saber quem é para descobrir este lugar. A etapa da postura é praticamente isto; originariamente existiam certas posturas físicas que eram posturas de alinhamento mais que nada; o Hata Yoga surge daí; são posturas de reflexão sobre si mesmo.
Assim a pessoa vai conquistando uma postura, uma identidade e uma localização no mundo mesmo; isto seria entrar na terceira etapa, onde vive um estado de concentração. Quando se descobre isto, se começa a ver todas as dificuldades e todas as limitações e se sabe que para franquear as grandes fronteiras, tem-se que reunir tudo o que se tem disperso, isso é em si a concentração. Não é concentrar-se em algo, mas reunir o que se tem disperso; o se o humano tem um milhão de expectativas e elas o podem afastar da realidade de sua vida, então tem-se que reunir tudo isto, porque a noção que se tem da vida está de acordo com a energia que se põe em cada setor, em cada fronteira.
Ao reunir toda essa energia o indivíduo pode saltar mais além das fronteiras do eu, dos sentidos, ali começa a quinta etapa, a abstração; é saltar, sair a ver tudo o que nos circunda, e não unicamente o que a janela me permite.
Logo que atravessar as etapas da concentração e da abstração, se começa a contemplar. Seria a sexta etapa, quando já se venceu as limitações do eu, pode contemplar e fazer-se ao dinamismo, à velocidade do que está contemplando, porque se o pode contemplar é porque está viajando à mesma velocidade que aquilo que está contemplando tem, a velocidade da vida, da existência. E quando duas velocidades são idênticas surge um estado de quietude, essa é a etapa da contemplação.
Logo vem a sétima etapa ou meditação que é a entrada em todo esse mundo dimensional e logo a oitava que é a estadia, a permanência nesta dimensão.
Estas são as oito etapas do Raja Yoga numa versão mais ocidental e das quais se falará neste seminário:
A Contraparte Superior dos defeitos;
A Exaltação das Virtudes;
As Posturas;
A Concentração;
A Abstração;
A Contemplação;
A Meditação;
O Samadhi.
Depois do Raja Yoga está o Agni Yoga e logo Maja Yoga.
O Agni Yoga é o Yoga da síntese, do fogo donde se vai cozinhando a si mesmo; há um livro muito interessante sobre este tema que se chama: “Um mundo ardente” possivelmente escrito pela esposa de Nicolas Roerich.
Porém antes de compreender o Agni Yoga há que se compreender todas as etapas do Raja Yoga para poder entrar decididamente nessa outra etapa. O Raja Yoga é o mais imediato ao gênero humano, é a relação que há entre a experiência física cotidiana, e o coração, o centro cardíaco, o plano búdico; ajuda a encontrar os equivalentes de tudo o que se vive no veículo búdico. Mas como é todo esse trânsito e qual é a apreciação final do corpo búdico já corresponde ao Agni Yoga, que é fazer à imagem do coração tudo quanto existe, e o Maja Yoga é fazer à imagem da Imortalidade tudo quanto existe também.
A afirmação de Hamlet é um exemplo de Maja Yoga: é “Ser ou não ser” o eterno dilema que o ser humano tem, até que através de qualquer situação descubra sua própria existência e imortalidade.
Estas grandes disciplinas deixam de ter um âmbito determinado, ou seja uma disciplina se pode cumprir num âmbito. Nestas disciplinas já não há âmbitos, não há escolas, a escola do Raja Yoga é a vida mesma, como no Agni Yoga e no Maja Yoga. Unicamente ali pode ser descoberta sua realidade.